quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Ponto final

Por Ana Beatriz

Sentada no ônibus olhava pela janela. Seus pensamentos a mil por hora não decidiam se o que ela tinha acabado de fazer era certo ou errado. Para ela era o certo, claro que era, mas e para ele? Para ele estava tudo errado, ou pelo menos quase tudo.

"O que devo fazer então?" -- perguntou a si mesma a questão que repetia incessantemente nas últimas semanas. Tudo estava confuso e estranho. Toda a certeza que ela teve nesses últimos meses estava abalada por um simples detalhe. Ele estava sofrendo.. por causa dela.

"Não posso continuar com isso, não com ele.. não é justo". -- Tentou se convencer. Amá-lo já não parecia ser o suficiente, mesmo que sendo muito. Ela estava sempre abaixo, sempre devendo algo a ele. "Ele merece muito mais".

Mas e ela? E o seu amor? Tudo o que sente não vale nada? Iria simplesmente se esforçar para esquecê-lo mesmo que isso faça os dois sofrer? "Tenho que pensar mais nele e ele está sofrendo por minha causa. Porque está comigo".

A dúvida é angustiante, quase um veneno. E ela tem certeza de que não irá sumir e nem mesmo diminuir.

"É o certo a se fazer. Tem que ser". Tudo a sua volta para. O ônibus para. Havia chegado ao ponto final.

sábado, 22 de agosto de 2009

daqui a 5 anos...

por anaCarolina

Na primeira terça feira de volta às aulas, no final de uma aula de Sociologia da Comunicação, meu professor pergunta: "E daqui a cinco anos? Aonde vocês pretendem estar? Fazendo o que?", simples de responder não?

Bem... Não pra mim.

Em 2004, se me perguntassem tal coisa (o que eu acredito que tenha acontecido), eu responderia sem titubear: "Daqui a cinco anos, estarei terminando minha faculdade de jornalismo, porque quero ser jornalista cultural ou de moda... bla bla bla". Naquela época, bem no meio do Ensino Médio, todos nós acreditávamos que nosso futuro seria mesmo aquele da nossa imaginação. A certeza era tão grande, que planos para trabalho já eram feitos antes mesmo de terminar a escola. Será que era mesmo aquilo que eu queria? Eu respondia sempre com firmeza... No ano seguinte, as provas de vestibular só tinham uma opção: Comunicação Social - Jornalismo. Menos na UNIRIO...

E aí começa a virada...

Não, não passei de primeira pra Comunicação. Mas passei de primeira pra Museologia, na UNIRIO. Um curso que eu queria fazer pra complementar jornalismo, pra ter embasamento pra falar de arte e cultura... Então minha vida mudou, fazer Museologia abriu minha mente, expandiu certos horizontes ocultos no meu mundinho tão limitado. Jornalismo pra mim, começou a ficar como uma idéia bem estranha... Entrei muito nova na universidade, nossas idéias mudam, amadurecem, é normal. Cheguei até a achar, que era aquilo que eu queria pra mim: ser museóloga. Será que eu estava finalmente certa?

Mais uma vez, eu não estava... Perceber que não seria feliz na Museologia, foi um choque muito grande. O mede de errar de novo era muito grande... "Tá, que eu mude de curso, mas vou fazer o que?", a comunicação social era a única certeza. Depois de dois anos na Museologia eu sabia muito bem o que eu queria: trabalhar com pessoas. Jornalismo? Hum... Não. Abri meus olhos e pensei bem no que eu realmente NÃO queria pra mim... Não conseguia mais ter aquela imagem minha trabalhando em uma redação, escrevendo horrores, pressão... Eu quero pessoas! Daí surge "Relações Públicas".

Estou feliz agora. Sei que é isso que eu quero. Ainda não consigo me imaginar fazendo o que exatamente daqui a cinco anos. Já sei o que eu não pretendo estar fazendo daqui a cinco anos.

Daí vem a minha dúvida: quantos de nós estamos fazendo hoje o que queríamos, ou imaginávamos querer, há cinco anos atrás? Quantos de nós não mudaram de idéia no meio do percurso ou até mesmo antes de começar? Será que estamos prontos pra escolher nosso futuro quando estamos no ápice das mudanças de comportamento? Muitos sabem como é quando bate aquele desespero na crise de meio de curso. Aquela dúvida do "e agora? Faço o que?". Aquele medo de aceitar que sim, você se equivocou e não é porque você adora matemática que você será um ótimo economista, contador, engenheiro... E cair na real e perder o medo de assumir que o que mais você quer fazer na sua vida é salvar vidas, defender as pessoas ou criar uma grife de alta costura. Isso faz parte daquilo que os "adultos" chamam de AMADURECER. Sim! Amadurecer, cair da árvore que te acolhia e seguir em frente, enfrentar a realidade e pensar no seu próprio futuro.

"Vocês precisam saber a diferença entre carreira e emprego. Será que é realmente aquilo que você quer fazer pelo resto da sua vida? Acordar, trabalhar em algo que você não gosta, e torcer toda segunda feira de manhã para que chegue logo a sexta feira?", essa frase do meu professor de Sociologia da Comunicação martela na cabeça de muita gente até hoje... Mesmo aqueles que nunca nem passaram perto da minha sala de aula. Na minha martelou antes de eu entrar pra Comunicação, martelou no auge da minha crise existencial na universidade, me deixou zonza, atormentada, perdida, sacudiu meus miolos, neurônios. Sacudiu tanto, atormentou tanto que acabou abrindo espaço entre alguns e me fez perceber o que eu realmente queria. No meio do caos, eu encontro a solução. Fato.

Só espero que a solução para as próximas gerações esteja um pouco menos ocultas e que elas possam estar firmes ao serem questionadas, no auge de seus quase dezoito, no ápice do Ensino Médio, na beira do precipício de um vestibular, sobre o seu futuro. Pelo menos o profissional. Porque não dá pra prever tudo... E nos outros setores, as respostas serão sempre incertas, titubeantes, questionáveis. Mas isso é assunto para um outro post.

AH! Me diz aí você, querido leitor: "onde você estará daqui a cinco anos?”.


ps: para ilustrar esse post, para iluminar a sua resposta à minha pergunta e para tirar um certo sarro dessa "simples" pergunta... Aí vai um vídeo com uma resposta genial!

www.youtube.com/watch?v=gBZsz92Amm0&feature=related

domingo, 9 de agosto de 2009

por anaCarolina

Não espere de mim um abraço apertado, um sorriso brilhante,
uma palavra de conforto;
Aquele tapinha nas costas, aquela risada de canto de boca;
Não espere de mim a amnésia instantânea;
As brumas que pairam na minha mente não irão apagar minha memória.
Não espere nada de mim quando o que é esperado
pode não ser o afago, pode não ser o carinho, pode não ser o amor.
Não espere de mim a ilusão de que sou boa;
porque eu não sou.
Não espere nada de mim...

Ou melhor... não espere.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Sobre a Amizade


Eu ia escrever um texto sobre a amizade, sabe como é, né? Foi dia dos amigos, coisa e tal.. Mas o Maurício de Souza escreveu exatamente o que eu queria e de uma forma bem mais divertida do que eu faria, entãão.. Aí vai a tirinha dele sobre amizade.. Infelizmente não consegui aumentar o tamanho pra facilitar a leitura, mas é so clicar na imagem que dá pra ver maior (está dividido em três partes).





Depois de uma definição primorosa como essa só me resta agradecer a vocês, meus amigos, por existirem.. = )





segunda-feira, 6 de julho de 2009

Memória Mal-Criada


por anaCarolina

Eu sofro de uma doença chamada Memória Mal-Criada. Sim, sabe quando você está andando na rua, para uma pessoa na sua frente, sorri, fala: “Oi! Tudo bem? Lembra de mim?” e você... nada. Ou então, quando você consegue finalmente esquecer algo que não te fez bem, te faz sofrer... aí, num belo dia... pluft! Vem aquilo na sua cabeça e não adianta você cantar, ler um livro, ver um filme... NÃO SAI!

Acho que isso acontece com todas as pessoas que, assim como eu, pensam demais e acabam armazenando tudo aquilo que aparece na sua frente e depois, não consegue conter ou organizar tanta informação misturada.

Como ex-aluna de Museologia, estudei a memória e seus referenciais por um bom tempo... Sei muito bem que os objetos de memória automaticamente te levam para certos momentos... Bons ou ruins... Só que quem sofre de Memória Mal-Criada não tem controle algum sobre isso. Queria que meu cérebro tivesse memória virtual, daquelas em que você pode deletar definitivamente algumas coisas, armazenar pra sempre outras, separar por pastas, organizar...

Que tal uma pasta só para matérias de prova? Ou uma pasta para os melhores beijos? E aquela pasta “chorei de rir”? Que você poderia abrir nos momentos mais tristes. Ou aquela boa e velha pasta, com arquivos no Excel contendo tabelas com nomes, onde conheceu, características físicas e a opção CUMPRIMENTAR e FUGIR? Melhor ainda, o poder de compartilhar essas pastas? Que bom seria não?

Deletar aquelas pessoas que, por mais que você se esforce, não consegue fingir que não existem ou existiram pra você. Aqueles momentos que você não quer nem pensar (mas, pra quem sofre do mesmo mal que eu, é praticamente impossível porque certas imagens aparecem na sua mente sem nem ao menos você perceber).

Minha memória é persistente, é mal-criada, abusada e até mesmo sínica. Como no quadro do Salvador Dali (Persistência da Memória), ela é escorregadia e traiçoeira.


Sim, eu sofro de Memória Mal-Criada. E você? Como é a sua memória?

domingo, 5 de julho de 2009

Exteriorizando..

Por Ana Beatriz

Nessa quinta eu fui assistir Jean Charles, sozinha mesmo.. O vício do cinema não deixa que eu ache ir ao cinema sozinha algo ruim ou depressivo, enfim.. Achei o filme legalzinho e tal, mas uma coisa ficou na minha cabeça. A grande cisma que muitos tem de ir tentar a vida fora do país. Será que vale a pena mesmo?

Eu mesma tenho uma paixão estúpida pela Inglaterra e tenho MUITA vontade de ir morar por lá. Não acho que conseguiria viver pra sempre, mas com certeza um boooom tempo eu passaria feliz e contente. Todo mundo que viaja tem o seu momento “feliz e contente”, aquela época em que tudo é novo, ótimo, todas as pessoas ao seu redor são educadas e bem... Diferentes dos brasileiros, mas depois de um tempo tudo bate, cansaço, saudade, desespero, vontade de estar em um lugar onde as pessoas raciocinam exatamente da mesma forma que você, mas não é por isso eles irão voltar. Afinal, muitos estão saindo Brasil porque querem tentar de novo, ver exatamente como seria a sua vida se tivessem chance de ir para um lugar completamente diferente e longe de seu lugar base e bem... Se fugir nos primeiros problemas e meses de saudades, não faz muito sentido se arriscar nessa mudança, né?

O grande problema é que muitas pessoas vêem essa troca de país como a salvação da sua vida (não só no financeiro), como se ir para um lugar de cultura e língua diferentes fosse o suficiente para escapar de tudo que já aconteceu na sua vida e de tudo que vai deixar para trás aqui no Brasil, mas não é bem assim. Muda muita coisa, claro! Mas como apagar toda uma vida, toda influência que um país exerceu em você? Deve ter gente que consegue escapar dessa tal influência, não sentir falta de uma coisinha sequer e achar que deveria ter nascido onde está, mas acredito que 98% não, e que grande parcela dessa porcentagem gostaria muito, bem lá fundo, de voltar para o Brasil, só que acha meio idiotice voltar depois que você já conseguiu chegar "onde queria".

Nesse momento volto a minha questão do início do texto “tentar a vida fora do país, vale a pena mesmo?”. Até certo ponto vale. Se você souber aprender a partir das dificuldades e acreditar que o que está fazendo lá é válido para seu crescimento mental, financeiro e vida. Se você estiver disposto a passar momentos de dificuldade, sozinho, sabendo que o máximo que pode fazer é ligar para alguém que está bem longe. Se você sabe que ali está feliz e não acha que seria mais feliz no Brasil, não tem porque não valer a pena. Só não pode ver sua nova morada como um castigo e não conseguir encontrar nesse país algo que te dê uma perspectiva de crescimento seja ele financeiro, mental, cultural ou qualquer outra coisa. Não dá para morar num lugar se você tem certeza que estaria mais feliz aqui no Brasil, se você não acha que terá algum tipo de lucro onde está. O que não adianta é permanecer em um local só para não dar o braço a torcer de que mesmo com todas as mudanças ou que todas essas mudanças fazem você se sentir mal e com saudade do Brasil.

Sei lá, posso estar falando um bando de baboseira, pois o meu um mês de intercâmbio, com certeza foi BEM diferente da vida de quem vai morar, trabalhar e enfim, viver de verdade em outro país, mas acredito que estar feliz e se sentir bem deve estar acima de qualquer orgulho ou arrependimento. Quem mora fora vai ter momentos difíceis e de crise de saudade sim, mas são momentos e não toda a sua vida no exterior. Se os “momentos de crise” forem a rotina não faz sentido continuar, não tem porque insistir. Volta pro Brasil.. Com certeza você já teve muitos momentos de alegria e quando os problemas forem MUITOS você terá também MUITOS amigos de longa data que, com certeza, vão te apoiar e ajudar, bem de pertinho.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

pra explicar...

Por Ana Carolina

Um primeiro post para um blog que surgiu da junção dos desejos de duas amigas de longa data (sem entregar os números, claro). O que escrever? Que tal explicar?

Sim, eu a Ana que é Carolina sempre tive vontade de escrever em um blog, sempre escrevi muito mas no papel (na maioria das vezes, faço no papel e passo pro pc) e num papo via MSN descobrimos que a vontade era igual... Culpo Bia e o Twitter por terem despertado o meu desejo adormecido de escrever publicamente as caraminholas da minha cabeça ruiva.

Fiquei feliz em dividir a autoria do blog com a Bia. E como ela disse no texto-estréia dela, o tema amizade vitalícia com certeza será tema de muitas postagens aqui... Mas não nessa, não na estréia!

As palavras, frases, parágrafos que você, internauta querido, lerá daqui pra frente nem sempre farão sentido para você, nem sempre farão sentido para as Anas, nem sempre farão sentido para Carolina ou Beatriz... Porque afinal, somos duas pessoas diferentes com um desejo em comum.

Como a descrição do blog diz, serão crônicas, poesias, desabafos, letras de músicas, verdadeiras ou não, engraçadas ou não, “entendíveis” ou não... Mas serão sempre cheias de vontade... Vontade de fazer você ler!

Que venham então... as palavras das Anas!